A colonização


Desembarque no porto de Argel, 1899

A colonização da Argélia foi classificada como de povoamento, feito através dos pieds-noirs (pés negros), que eram denominados os colonos franceses e seus descendentes criados na Argélia, além de imigrantes vindos de outras partes da Europa.

Esse povoamento era feito através de expropriações ou compras das terras dos nativos pelos pieds-noirs, sendo que, tal processo era regulamentado pela lei Warnier de 1873. Segundo  Sartre,  “em  1850,  o  domínio  dos  colonos  era  de  11500 hectares.  Em  1900,  de  1  600  000;  em  1950,  de  2  703  000”.  Assim  os  nativos  foram  sendo empurrados  para  as  áreas  mais  improdutivas  e  desérticas.  Os  franceses  desestruturaram  a economia  argelina:  nas  terras  onde  antes  eram plantados  cereais  para  comer,  os colonizadores  plantaram  videiras  para  a  produção  e  exportação  de  vinhos  para  a  Europa.” ¹
As terras eram passadas aos colonos estrangeiros desde que estes se propusessem a viver definitivamente na Argélia. No fim do século XIX mais de um quarto do solo cultivado destinavam aos colonos estrangeiros que se dedicavam a vários tipos de cultivos. O restante da população argelina desprovida de terras férteis plantava o suficiente para subsistir, ou trabalhavam nas terras dos colonos.
Em 1865 a Argélia foi oficialmente anexada a França, e criou um decreto no qual aquele que renegasse o estatuto civil muçulmano receberia  a cidadania francesa, desse modo deveria renegar também o código religioso islâmico (sharia),entretanto estima se que apenas duzentos argelinos aceitaram tal mudança.
Em meados de 1881 foi publicado o código dos indígenas, para combater com duras penas quem infringisse as leis coloniais. Como forma de dominação os colonos impuseram o francês como língua oficial e única no ensino, proibindo publicações em língua árabe.
Na segunda metade do século XIX desenvolveram-se os negócios e as finanças, aumentou as via de comunicação, e permitiu-se a exportação para a Europa de produtos locais como vinhos, lã e couro.A malha rodoviária e ferroviária também foi desenvolvida.  Com isso ocorreu o crescimento  demográfico  urbano    que  ocasionou  o desenvolvimento - dentro dos limites da condição colonial – das possibilidades econômicas de  muitos  argelinos.” ²
Desse modo a Argélia desempenhou “o modesto papel de complemento da economia francesa.” ³
Para finalizar, a denominação das cidades nas colônias de Frantz Fanon, mesmo sendo de um modo geral e não especificamente da Argélia, traduz as desigualdades provocadas pela colonização.

“A zona habitada pelos colonizados não é complementar à zona habitada pelos colonos. [...] A cidade do colono é uma cidade dura, toda de concreto e aço. É uma cidade iluminada, asfaltada, onde as lixeiras estão sempre cheias de restos desconhecidos, nunca vistos, nem mesmo sonhados. [...] A cidade do colono é uma cidade farta, preguiçosa, seu ventre está permanentemente cheio de boas coisas. [...] A cidade do colonizado, ou ao menos a cidade indígena, a cidade negra, a ‘medina’ ou bairro árabe, a reserva, é um lugar de má fama, povoado por homens de má fama [...]. É um mundo sem intervalos, os homens estão uns sobre os outros, os casebres uns sobre os outros. A cidade do colonizado é uma cidade faminta, faminta de pão, de carne, de sapatos, de carvão, de luz.”4





[1]-      LIPPOLD, Walter Günther Rodrigues.Monographia, Porto Alegre, n. 1, 2005
[2]-      LIPPOLD, Walter Günther Rodrigues .Monographia, Porto Alegre, n. 1, 2005
[3]-  YASBEK, Mustafa. A Revolução Argelina. São Paulo: Unesp, 2010. (Coleção Revoluções no século XX).p.24.
[4]-      http://www.uni-vos.com/atualidades16.html




REFERÊNCIA:

LIPPOLD, Walter Günther Rodrigues. O pensamento anticolonial de Frantz Fanon e a Guerra de Independência da Argélia.  Monographia, Porto Alegre, n. 1, 2005. Disponível em:<https://www.academia.edu/2463160/O_pensamento_anticolonial_de_Frantz_Fanon_e_a_Guerra_de_Independ%C3%AAncia_da_Arg%C3%A9lia>. Acesso em 18 jun.2015.

SAMPAIO, Thiago Henrique. O discurso de Jean-Paul Sartre sobre o colonialismo francês e a Guerra de Independência da Argélia (1954 – 1962).Filogenese, Marilia,Vol. 6, nº 1, 2013. Disponível em:<https://www.marilia.unesp.br/Home/RevistasEletronicas/FILOGENESE/thiagosampaio.pdf>. Acesso em: 17 jun.2015.

YASBEK, Mustafa. A Revolução Argelina. São Paulo: Unesp, 2010. (Coleção Revoluções no século XX).

Imagem: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/1c/Arrival_of_a_steamer%2C_Algiers%2C_Algeria%2C_ca._1899.jpg?uselang=fr

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