A resistência africana obedece a muitas tradições


A propensão de qualificar a população autóctone argelina como sendo toda muçulmana, fez com que cada vez mais se tivesse o fortalecimento dos laços entre o islã e o nacionalismo. Isso se deu a partir das leis racistas editadas pelo regime de Vichy durante o ano de 1942, criando assim, uma nova forma de apartheid na Argélia francesa.

 Os muçulmanos não tinham acesso aos mercados, aos cinemas ou até sentarem ao lado de europeus. Quando a Argélia livrou-se desses excessos de Vichy, as melhorias trazidas às condições de vida da população autóctone tornaram-se um pouco mais reconhecidas.
A religião foi uma grande influência para os povos africanos não perderem o foco, como nesta citação do livro História geral da África: África desde 1935  especifica: “Foi este o caso da Argélia onde a Sociedade dos ‘ulama’ argelinos e outros grupos trouxeram uma preciosa colaboração ao preparar o terreno para a luta de libertação e, após 1954, participaram ativamente do conflito armado. O movimento de libertação nacional contra o imperialismo revestiram‑se com frequência de um caráter religioso desde o momento em que passaram a defender a cultura árabe­‑muçulmana ameaçada pela invasão da cultura ocidental e dos seus valores, por vezes diametralmente opostos ao modo de vida dos muçulmanos e à ética islâmica” (p.185).
Além disso, o fim da Segunda Guerra Mundial coincide com uma das mais brutais repressões francesas que a Argélia havia conhecido. Como no livro História geral da África: África desde 1935 novamente explica: [...] “Em 1945, em Sétif, um desfile nacionalista enfrentou a polícia, levantes eclodiram na cidade e em Kabylie. A repressão exercida pelo exército e pela polícia francesa provocou cerca de 10.000 mortos na população argelina. Um martírio de tamanha envergadura somente poderia reacender a chama da tradição da jihad [1]; em 1954 a Frente de Libertação Nacional reencontrou­‑se com o glorioso combate travado no século XIX pelo herói argelino ‘Abd al­‑Kadir al­‑Jazairi. Era o começo da revolução argelina”(p.136)

Os conflitos na Argélia foram fortemente internacionalizados. Muitos países intrometeram-se de diferentes maneiras nesses confrontos, desde suporte financeiro a fornecimento de armas.

[1] Jihad significa luta na via de Deus.


REFERÊNCIAS 

YAZBEK, Mustafa. A Revolução Argelina. São Paulo: Unesp, 2010.

MAZRUI, Ali A. (Ed.). História Geral da África VIII: África desde 1935. Brasília: UNESCO, 2010. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Copyright © 2014 | Design e C�digo: Sanyt Design | Tema: Viagem - Blogger | Uso pessoal • voltar ao topo