A economia da Argélia Parte I - Do fim da 1ª Guerra até a crise econômica de 1929

Desenvolvimento econômico durante o período colonial no noroeste da África. (Fonte: Fage, 1978).

       Aspectos gerais da economia argelina desde o fim da 1ª Guerra Mundial até a crise econômica de 1929.



            O principal setor da economia argelina era o agrícola, principalmente o modelo para exportação dos colonos europeus devido a extensão da propriedade agrícola deste grupo. Esta, extensão, era o resultado da política de ‘colonização oficial’ que consistia em lotear terras tomadas das populações autóctones pelo poder público para os colonos europeus, além de oferecer a eles facilidades como crédito e habitação. No período pós Primeira Guerra a colonização europeia assumiu caráter de colonização privada, adquirindo propriedades principalmente nas zonas mais férteis. Cabe ressaltar que no geral - “A grande propriedade com mais de 100 hectares, que constituía somente 20,6% da totalidade das fazendas europeias, abrangia 73,4 % da superfície total das terras possuídas pelos colonos” (KASSAB, p.487) - estes colonos eram grandes fazendeiros possuidores de vastas extensões de terra dedicadas a uma cultura, implementos agrícolas e instalações sofisticadas que permitiam um nível alto de produtividade e consequentemente de exportação. Eles estavam vinculados a instituições financeiras que os concediam crédito e a institutos de pesquisa agrônoma que possibilitavam aos colonos disporem de cultivos adaptados ao solo e clima da região do Maghreb.
            Apesar dos colonos deterem grande extensão de terra, a maior parte da população autóctone vivia nas zonas rurais, não sendo desprezíveis os latifúndios de pequeno grupo de muçulmanos, 1,1% detinham 21% das áreas muçulmanas. Estes grandes fazendeiros adotaram técnicas e métodos dos colonos, como o uso de implementos agrícolas e tratores, que os levou, para tornar rentável o uso dessas técnicas, a necessidade ou vontade de expansão de suas propriedades. Essa expansão se deu sobre as terras dos pequenos agricultores autóctones, ‘empurrados’ para regiões menos férteis, ou no caso dos pastores, diminuindo suas amplas e necessárias áreas de pastagens, ocasionando a sedentarização dessa população, que por sua vez resultava em pobreza e/ou êxodo para as cidades.
            Outro setor econômico importante da Argélia, para os europeus, era o de mineração. Na Argélia, desde 1845, a exploração de fosfatos, minérios de ferro, chumbo, zinco, etc., era feita por companhias estrangeiras, principalmente francesas, com a participação de bancos e exportada para a Europa. Para que os minérios fossem exportados, era necessária toda uma infraestrutura interligando as áreas de extração aos portos de exportação - que foram planejados e desenvolvidos para conectar o país a França - e as grandes cidades, por isso em 1919 já estava instalada a malha ferroviária argelina.
            Sendo a economia argelina voltada à exportação e aos interesses coloniais, o abastecimento do mercado interno com mercadorias manufaturadas, já que se exportava a matéria-prima, as importações eram necessárias.  Com isso, o sistema aduaneiro (alfandegário) entre França e Argélia era de que as mercadorias tanto argelinas quanto francesas, em cada um de seus territórios, eram livres de cobranças ou taxas, e as provenientes de outros países estavam sujeitas aos mesmos encargos. Soma-se a essa união aduaneira, o monopólio da marinha francesa em navegar entre seus portos e a Argélia. “Era, no entanto, uma união que condenava a Argélia a permanecer um país exportador de matérias-primas e produtos agrícolas e importador de produtos manufaturados” (KASSAB, p.498).


 Comércio global da Argélia, de 1915 a 1938. (Fonte: Encyclopédie de l’Empire Français, 1946).


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